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O ego é só o caminho!

 por Flávio Bastos - flaviolgb@terra.com.br

"O ego é dotado de um poder, de uma força criativa, conquista tardia da humanidade a que chamamos vontade" (Carl Jung)

A psicoterapia cumpre uma função de educação para a vida, oferecendo um espaço de aprendizado, com instrumentos e conhecimentos que podem ajudar na orientação e condução da vida. Esta função torna-se fundamental em situação de desestruturação decorrente de crise ou casos de imaturidade psicológica, quando a pessoa se sente inapta para lidar com enfrentamentos e dificuldades em sua vida.

O ego, sendo uma das "instâncias da personalidade" como referiu-se Sigmund Freud, é o que estimula os nossos atos no dia a dia. Independentemente do padrão comportamental ou traços de caráter que trazemos de outras vidas, o ego continua a comandar a nossa vontade através da orientação do livre arbítrio.

Portanto, desconsiderar o ego no seu grau de importância e influência em nossas vidas, é como subestimar a importância do espírito - o eu superior - que é a nossa verdadeira identidade.

O ego, na sintonia com a dimensão física, é imprescindível para o nosso equilíbrio psíquico-espiritual baseado na auto-estima positiva, que é responsavel pelo conjunto de motivações que nos impulsionam ao crescimento pessoal, profissional e consciencial. Com um ego estruturado e reforçado pela internalização de valores (superego) ético-morais, a vida torna-se menos complicada de ser vivida, e as chances de crescimento, estimuladas pelas energias internas que orientam o ego estruturado, uma certeza.

No entanto, quando o ego sofre uma ruptura provocada por más escolhas do livre arbítrio em decorrência da aplicação da lei de causa e efeito, ou por consideráveis traumas psíquicos em sua estrutura, o desequilíbrio psíquico-espiritual assume o seu papel na dinâmica da vida, fazendo com que o indivíduo, inconscientemente, bloqueie o seu potencial de crescimento.

Conforme o histórico de muitas vidas do espírito imortal "carregamos" o ego como um pesado fardo ou como a leveza de um transparente cristal,  e essa diferença leva-nos a questionar a existência à procura de respostas. Porém, quando aceitamos que os grilhões do ego representam as nossas próprias inferioridades que nos prendem a um comportamento padronizado e sintonizado com o passado, a expectativa de libertação através do autoconhecimento passa a ser uma possibilidade.

Na verdade, todas as religiões - reencarnacionistas ou não - tentam alertar o indivíduo sobre os excessos do ego ligado às ilusões da realidade física, como a ambição desmedida, o egoísmo, a vaidade exarcebada, o orgulho e a prepotência. Sendo o maior desafio do ego, conseguir "existir" de uma forma em que as imperfeições que o espírito trás de outras vidas não seja fator de atraso na nova jornada terrena. O ego, nesse sentido, é o instrumento que tanto pode aproximar-se do eu superior através da expansão consciencial, como pode manter-se distante, ainda cativo das amarras do passado que continuam a influenciá-lo na vida presente.

Provavelmente, haverá uma época na humanidade espiritualmente evoluída, em que não será mais necessario o ego como instrumento mediador entre a imperfeição e a perfeição espiritual. Mas, por enquanto, o ego ainda é imprescindível para que tenhamos um parâmetro ao avaliarmos a nossa própria evolução que vai do estágio de desequilíbrio gerador de doenças do corpo, mente e alma, ao (re)equilíbrio gerador de saúde e bem estar bio-psíquico-sócio-espiritual.

Se não tivéssemos mais um corpo físico e a necessidade da reencarnação como nova oportunidade de processarmos o autoconhecimento avançado, eliminando, aos poucos, as nossas atávicas imperfeições, o ego não seria mais necessario e o eu superior seria uma afirmação do espírito que alcançou a plenitude. Mas essa não é a nossa realidade existencial, por isso, a necessidade da aceitação do ego no contexto metodológico da psicoterapia. Caso contrário, estaremos negando a realidade física como básica para a libertação do espírito que possui um ego quando encontra-se encarnado.

A condição multi e interdimensional do homem, onde associam-se energias densas e sutis entre matéria e espírito, exige do ego uma referência que oscilará positiva ou negativamente conforme o seu carma somado à escolhas e experiências da vida atual. E nesse intrincado labirinto, onde misturam-se conteúdo de vidas passadas com conteúdo de vida presente, o psicoterapeuta deve focar o ego do indíviduo com a perspectiva de fazê-lo despertar para as suas potencialidades que encontram-se bloqueadas por traumas psíquicos em forma de somatizações que impedem o fluir do crescimento individual.

O espírito encarnado evolui à medida que começa a focar as suas limitações e a elaborar formas de superá-las conscientemente. É a mesma tarefa que tem o mentor espiritual quando, na regressão, mostra-nos fatos ou situações passadas para que elaboremos a nossa mudança íntima, ou seja, da inconsciência para a consciência, que é o objetivo de todo processo terapêutico de autoconhecimento.

Portanto, psicoterapeuta e mentor espiritual, geralmente, trabalham com o mesmo objetivo: focar as limitações do indivíduo no sentido de que ele processe a sua própria conscientização e evolua tanto material quanto espiritualmente, porque felicidade para quem se encontra encarnado, significa equilíbrio de forças entre ter e ser. Dessa forma, cresceremos cada vez mais rumo à libertação das inferioridades do ego pela conscientização do eu superior, a essência, que é a síntese da mensagem deixada pelos espíritos iluminados que passaram por esse planeta.

CONCLUSÃO

Libertar-se dos desequilíbrios do ego que nos liga ao aqui-agora, exige do indivíduo um desafio na direção do eu superior. Desafio, que, necessáriamente, passa por etapas de autoconhecimento até chegar ao nível avançado. 

Abdicar do ego em detrimento do eu superior é uma opção de risco para o espírito encarnado que depende do primeiro para cumprir a sua jornada na dimensão física.

Aproximar o eu inferior (ego) do eu superior (essência) através do autoconhecimento que penetra na interdimensionalidade do ser de uma forma equilibrada, é o recomendável.

Aliviar o fardo através do despertar de potencialidades inerentes ao ser humano, é o desafio que aguarda o ser inteligente neste alvorecer de terceiro milênio, quando o autoconhecimento de nível avançado passa a ser uma necessidade de adaptação aos novos tempos de transformações.

Psicoterapeuta Interdimensional.

 




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